sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

As vezes gostaria que minha cabeça fosse um computador - assim como este que fica aqui em casa -. Assim eu poderia escrever o que acabei de pensar. Escrever a impressão que tive naquele exato momento, antes que ela fuja, antes que eu não possa mais recupera-la.

Sei que não sou o único que sofre com esse grande problema. As idéias aparecem, e fogem com uma velocidade espantosa. E ultimamente tenho tentado articular uma forma de guardar essas idéias pra mim, sem que elas fujam. Afinal, quando as tão aguardadas idéias aparecem, surgem com as palavras exatas. E eu as perco, isso definitivamente não é justo.

Quando alguém tiver alguma idéia de como eu posso guardar todos esses pensamentos, me avisem...

Ah, eu tenho um bloquinho sim. Mas, sempre o esqueço. E não dá pra carrega-lo comigo todo o tempo né.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O livro dela


O vento agitava as folhas das árvores. Ela foi ao parque, pois não tinha inspiração para fazer outra coisa, qualquer que fosse. Na sombra, longe do sol que brilha, ela vê um banco. Senta-se, tira um livro da bolsa e começa a ler.

O tempo passa, mas ela não tem pressa. Apenas segue lendo, sem ao menos levantar os olhos. Ela não vê, por exemplo, os cachorrinhos que passeiam com seus donos, ou as crianças que correm felizes e se divertem com a chuva de folhas secas. Ela não vê os casais apaixonados que trocam carícias, ou os senhores que jogam xadrez. Não acompanha as babás e os bebês. Não percebe quem é que joga papéis no chão e não vê o gari que limpa tudo. Ela não se importa com nada disso. O livro a prende mais do que deveria.

Era um domingo muito bonito. O pouco barulho lhe agradava. Gostava de ficar sozinha, desfrutando a própria companhia. Não precisava de mais. Queria apenas ler, acalmar o coração. Seu rosto guardava uma expressão séria, um não sei quê de tristeza. Mesmo assim, ela parecia confortável, de um jeito peculiar, mas confortável. Fosse o livro, quem sabe, que lhe proporcionava tal sensação.

(...)

Seu livro talvez narre uma viagem, para um lugar desconhecido e muito belo. Talvez conte a história de pessoas felizes, de amigos num acampamento, de filhos que amam os pais. Talvez tenha frases que a animem, coisas de religião, ou apenas poesia. Pode ser também que leia quadrinhos, em que cores e balões saltam aos olhos numa grande aventura. Talvez seja um livro que ensine a cozinhar ou a ganhar dinheiro. Talvez fale de cinema, ou artes, ou moda. Talvez seja Marx, Nietzsche ou Freud. Talvez conte uma história de amor. Só isso. Ou então, seja um suspense, daqueles com mortes e suspeitos insuspeitos. Talvez fale sobre as leis, trate de economia ou medicina. Pode ser de astrologia, música ou gravuras. Talvez Drummond, Pessoa ou Neruda. Cartas, memórias ou biografia. Talvez discuta a morte. Ou fale da vida, apenas.

A única certeza é a de que o livro é bom. Senão, não a prenderia tanto; a deixaria ver o sol e o balanço das árvores, ouvir o canto dos pássaros e o som das águas, sentir o vento no rosto e a sensação agradável de se viver mais um dia. Mas não. Seu livro faz tudo isso se tornar desinteressante.

Horas depois, sente-se fitada. Isso a incomoda. Prefere quando passa despercebida aos olhos dos outros. Sua frio. Perde a concentração. No momento exato, olha.


por Filip Calixto, Lucas Santos e Marcela Alves

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Não aceito rótulos, limitações ou fronteiras para ser o que e quem sou.