terça-feira, 18 de maio de 2010

O Padeiro


Por Rubem Braga


Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.

Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quanto vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas para não incomodar os moradores, avisava gritando:

- Não é ninguém, é o padeiro!

Interroguei-o uma vez: como tivera a idéia de gritar aquilo?

“Então você não é ninguém?”

Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes acontecera bater a campainha de uma cada e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém…

Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicara que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como o pão saindo do forno.

Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque o jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo como o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”

Eu assobiava pelas escadas.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

André


O volume de seus cabelos, já visíveis de longe, o identificam sem grandes problemas. Paulistano, 19 anos, fã de sons tidos como "Pop" e torcedor desplicente do São Paulo Fuebol Clube. Esse é André Ribeiro Calixto ou como prefere ser chamado André Goyano, adotando assim o último sobrenome de seu avô materno. Apesar de gostar de holofotes não fez questão alguma que algo à seu respeito fosse escrito, dizendo não fazer muita diferença, mas pronto a responder qualquer questionamento.

Dono de algumas manias no mínimo esquisitas, como: estralar o cotovelo e fazer o mesmo com os dedos a todo momento. O garotão sabe ser simpático quando quer, e assim o faz. Impaciente, ao ver as primeiras letras do texto sobre ele sendo escritas faz questão, em tom autoritário, de ver com detalhes como tudo será feito. E cobra quando as peguntas demoram um pouco mais a sair. Canhoto por natureza em sua infância sonhava ser desenhista e inventar personagens que encantassem as próximas gerações, ainda costuma desenhar, mas com menos afinco.

André é tido em seus círculos sociais como o mais ilustre figurante de novelas e comerciais que já conheceram. "Famosão", como os mais esperítuosos, que nem sempre tem piadas tão boas, o chamam. O contato fugaz que teve com "celebridades" em seus trabalhos dão mais orgulho a ele do que suas arrojadas manobras na bateria, que é outra de suas atividades. Em suas aventuras, vistas em horário nobre da televisão brasileira, se destaca pela autura e por esse motivo é facilmente reconhecido.

Gosta de adornos. Relógio, pulseiras, colares, munhequeiras e afins são peças indispensáveis ao sair de casa. Os cabelos merecem tempo exclusivo, tratamento especial para a moldura do rosto. Uma bela olhada no espalho antes de apagar as luzes na despedida, e pronto está tudo em ordem - ou quase tudo. Quem o acompanha tem que se adaptar ao mesmo ritual, se não quiser ser achincalhado. "Você tem que se arrumar direito", diz ele, "Anda muito desajeitado, mal vestido do meu lado". Sem tréguas fita cada tonalidade de camiseta ou calça de sua companhia. Fui reprovado no teste, mas percebendo que não havia jeito concede-me mais alguns momentos.

Bem mais tarde, mais despojado e esparramado na cadeira em frente ao computador, tem os olhos ansiosos e já põe-se a roer as unhas esperando que os letreiros na televisão subam, anunciando o fim da Sessão da Tarde e assim abrindo as portas para Malhação, uma das pricipais atrações do dia.



(Continua...)

terça-feira, 11 de maio de 2010

No dia em que todos palpitam...


Eu também faço questão de palpitar.
Ah se eu fosse o Dunga!

Goleiros:

- Júlio César
- Marcos
- Victor

Zagueiros:

- Lúcio
- Juan
- Thiago Silva
- Miranda

Laterais:

- Maicon
- Daniel Alves
- Gilberto
- Roberto Carlos

Meio-campo:

- Felipe Melo
- Elano
- Ramires
- Gilberto Silva
- Júlio Baptista
- Paulo Henrique Lima
- Kaká
- Ronaldinho Gaúcho

Atacantes:

- Luís Fabiano
- Robinho
- Nilmar
- Grafite

Será?