Há tempos ouvimos falar em paz social, em mudanças de legislação, em punições mais severas e em atos drásticos para que a harmonia na sociedade seja estabelecida. Contudo, os fatos revelam-nos que tal propósito não permanece mais que um mês e logo dá lugar aos interesses de associações políticas. Além da falta de empenho da instituição Estado para punir quem ameace seu povo, e consequentemente a paz desejada por ele, as manifestações públicas são fato flagrante para que essa permissividade, para com as ameaças à população do país, continuem ocorrendo.
Iniciativas inexpressivas, que teoricamente traduziriam o sentimento de indignação e protesto de um país, são o pouco que se vê para lembrar as vítimas - que ilustram a impunidade dominante. Após um, cinco, dez anos do fático acontecimento lamentamos mais uma vez a perda, sem que nada tenha mudado, e assim, depois do momento de compaixão tudo volta a seu lugar.
Cada fato penoso e não punido devidamente no país traz consigo mais uma porção de medidas que não passam de promessas vazias, colecionadas por cidadãos em todo o território nacional. Acontecimentos diários, e com reações que duram dois ou três dias, até que sejam esquecidas novamente tanto por poder público como por população; que agora enxerga fatos bárbaros como naturais.
Reivindica-se paz, sem que se pense em lei. E assim, na falta de sentido do clamor social e das atitudes do governo ainda há quem acredite em paz social sem associá-la à utopia, a sonho distante. Será realmente objetivo de alguém estabelecer essa paz apregoada por tantos se no momento seguinte a acontecimentos lastimosos já o esquecemos, fingindo compadecer-se para que a parte politicamente correta que ainda existe em nós se cale.