quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Difícil é encontrar a certeza. Se a todo momento contrario-me, nego o que acabo de afirmar, torno-me adepto ao que repudiava, finjo que o que vivo é verdade, acredito no que acho mentira e transformo em vida o que inventei. Como ter certeza?

Em meio a oposições intermitentes de ideias e pensamentos descubro-me como ser de contrariedades, em todas as coisas. Rapartido entre o pensar e o sentir, entre a razão e a natureza.

De tanto perseguir as verdades, que insistem em não ser encontradas, fico com as mentiras. Só possuo a mentira; pois não sou capaz de ignorar a dúvida que questiona minhas novas e antigas crenças. A parte que põe em dúvida a minha verdade, na qual havia me agarrado, não permite que eu a apreenda, e assim passo a recriar meus conceitos, crenças e opiniões.

Sem ter segurança naquilo que tenho presente procuro o ausente, imaginando que isso me salve, e assim me ofereça a certeza que será imune á oposições, que não terá lacunas recheadas de dúvidas, para que dessa maneira meu coração e minha mente sintam-se seguros; pois finalmente tenho algo em que areditar, algo que traga consigo sentido a todo o resto.

Em nada encontrando certeza descobri o que pode me propiciar isso, a fé.

Por duvidar e questionar tudo, encontro o que pode ser inquestionável. Não coloco razões, limitações, ou barreiras na fé; por ser aquilo no qual eu acredito sem ver ou tocar não carrego com dúvidas essa confiança que resiste intacta, mesmo à revelia de tantas contrariedades próprias do ser inconstante que sou.

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