quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Casa nova, vida nova.


"Conforto, tranquilidade e comodidade. Tudo para você desfrutar do que a vida tem de melhor." Fui surpreendido por essa frase em uma segunda-feira pela manhã, o que agravou ainda mais a situação.

Logo imaginei que a frase partia de algum guia espiritual, ou de algum fiel, que queria me tornar mais um adepto de sua fé. Mas, não. E por mais fértil e abrangente que seja minha imaginação ela não pôde perceber o que era.

Mais algumas palavras e constatei, percebi do que se tratava. Então, embasbaquei-me quando notei que era uma propaganda, uma tentativa de vender-me uma casa. A partir daí deixei que as projeções, que ela fazia, a cada nova palavra me levassem. Entre suítes e em jardins de inverno, salas de jogos e saunas que aquela moça - que tinha uma bela voz diga-se de passagem - me oferecia, construí minha vida nos próximos dez anos. Casei, tive filhos e até fiz algumas confraternizações naquele que seria um tal de espaço gurmet da minha futura casa.

Tudo andava as mil maravilhas, até piscina com cascata o fundo de minha casa possuia. E foi nesse momento que aquilo tudo foi por terra. Já muito satisfeito com todos os projetos que ela fizera por mim, me empolguei e permiti que a simpática vendedora me anunciasse o custo total de tanto deleite naquele "paraíso residencial". Assim que ela anunciou o valor que aquela nova vida me exigiria fui aos poucos me despedindo de cada cantinho da minha nova casa, a porta de saída da residência que foi minha por dez minutos se abriu. Eu saí, e imediatamente disse para aquela vendedora que estava atrasado para o trabalho, precisava ir, e afinal, nem conseguia me imaginar com tantos quartos em uma casa. Nem ao menos queria uma sala de video-game mesmo.

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