Todo tipo de arte tem entre si uma espécie de ligação. Como se uma dependesse e influenciasse a outra. É explicita a interferência tanto direta quanto indireta que o teatro tem no cinema, a arquitetura nas esculturas, a pintura na fotografia e assim por diante. Tudo o que se vê é reproduzido e interpretado. Esse tipo de ligação é comum em diversas áreas mais se torna mais evidente entre as artes.
Os três tipos de arte que aqui serão citados tem estreitas ligações entre si. Falo de: dança, música e circo.
A dança e suas modalidades – clássica, folclórica e popular -, que tem como intenção principal exprimir sentimentos, sensações e assim por diante, através da expressão corporal. O circo e suas demonstrações de habilidade e exibições de capacidade física. A música e toda a sua diversidade – rítmica, harmônica, melódica -, que tem suas partes vocal e instrumental, erudita e popular. São artes que empregam técnicas diferentes entre elas, que tem aspectos próprios que se tornam diferentes em diversas especificidades e objetivos, que só podem ocorrer nelas e em nenhum outro tipo de arte, seja lá qual for. Entretanto, existem pontos em comum e peculiaridades que se relacionam.
A música por ser mais popular acaba tomando mais visibilidade, e proporciona um fenômeno muito interessante, ela torna alguém que não conhece profundamente seus estudos e sua teoria, um entendedor e crítico sobre o assunto. A música ultrapassa o limite de simplesmente arte. Ela traz emoção, sentimentalidades até mesmo a quem diz que não as sente. Creio que essa é a essência da arte, e a música cumpre de forma competente isso, em dias que a arte e a sensibilidade para com ela não são mais tão apreciadas.
Ainda podemos ressaltar entre esses três tipos de arte a possibilidade que existe do trio atuar na mesma apresentação ou espetáculo. O que torna mais interessante a nossa comparação e interligação. Isso faz com que a influência que é normal entre elas transforme-se em complementaridade. Tornando-as, em certas ocasiões, inseparáveis. Poderíamos até citar exemplos, mas, julgo de conhecimento absoluto a cumplicidade e o companheirismo da música para com a dança e a inclusão do mundo circense entre as duas artes anteriormente citadas. A chance de acompanhar em um mesmo picadeiro, palco ou salão as três formas de arte é bem possível em dias de grandes espetáculos, com holofotes e luzes reluzentes espalhadas por grandes capitais e pequenas cidades. Circos com orquestra, cantores com apresentações cada vez mais dançantes e espetáculos de dança com recursos dignos de shows de magia; são o retrato da inteiração e envolvimento que essas artes desfrutam. Eventos carregados da emoção musical, da beleza plastica oferecida pela dança e do fascínio por cada feito que o circo apresenta, são um prato cheio para qual for o publico, independentemente de idade, sexo ou etnia.
Dito isso, convém ainda observar o que neste momento se faz pertinente: A contribuição que a arte tem na organização social. Como esses três tipos de arte podem revindicar direitos, despertar interesse por um certo problema, enfim... Trazer informações importantes socialmente através da arte. Mais do que simplesmente dançar, a expressão corporal desde seus primórdios traz consigo o ideal de resistência, tem um significado social de contestação ao que está imposto pela maioria. O circo faz também isso a seu modo, fazendo da comicidade (que é baseada na ingenuidade do palhaço) grande trunfo para criticar e exprimir opinião de forma sútil. A música sempre fez isso também, trazendo através de seus versos, significações, fazendo da sua harmonia uma fonte poderosa para proferir discursos e idéias, transformando através de suas letras simples canções em 'hinos de libertação' e de clamor social, sejam eles explícitos ou em mensagens ironizadas, que podem ser percebidas entre o ritmo que em ocasiões pode ser pano de fundo para a evidente preocupação com problemas sociais pavorosos.
Os tipos de arte aqui citados não existem somente para serem observadas e vistas como algo que tem apenas plasticidade ou façam bem aos ouvidos. A arte em si, e mais especificamente os três tipos que são motivo do presente texto, nos convidam a vive-las, se-las, fazer parte do que elas nos trazem. Tornar-se para elas o que elas são pra nós. Fazermos por ela o que elas podem fazer por nós.
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