quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Pra ninguém


Ninguém pra ligar e dizer onde estou
Ninguém pra ir comigo onde eu vou
Por outro lado
Ninguém pra abaixar o volume
Ninguém pra reclamar dos pratos sujos
Ninguém pra eu fingir que eu não amo

Toda noite no mesmo lugar
Eu abro os olhos e deixo o dia entrar

Pra ninguém

Ninguém pra dizer quando eu devo parar
Ninguém na casa pra poder acordar
Do meu lado
Ninguém pra contar novidades
Ninguém pra fechar as cortinas
Ninguém pra brigar de vez em quando

Toda noite no mesmo lugar
Eu abro os olhos e deixo o dia entrar

Pra ninguém, pra ninguém.


(Nila Branco)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Hoje.

Compromissos, em sua maioria, indesejados tomam meu tempo, me atropelam.
Experiências. São fundamentais, importantíssimas, necessárias.
Mas, algumas, em seu percurso, enchem o Saco.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009


Oferecer ensino a preços razoáveis, democratizar o conhecimento, qualificar o cidadão, formar profissionais de alto padrão... são as razões preferidas, entre outras tantas, para a edificação de novos espaços, que em seu interior comportam cadeiras e lousas, e em sua placa de identificação o título de “Universidade”. Instituições surgem da noite para o dia, slogans geniais criados em poucas horas. Assim o lugar fica mais atrativo.

Nesses novos espaços de ensino os benefícios são infindáveis. As mensalidades podem ser divididas em carnês, os alunos são formosos, os professores extremamente competentes e amigos, os funcionários carregam consigo um largo sorriso. Ambiente perfeito para formar uma “Geração de Valor”. Pelo menos na propaganda é essa a realidade exibida.

Tantas facilidades e enfeites compõe a beleza da alegoria da educação.

A excessiva preocupação com a estética e com o recrutamento maciço de alunos pode deixar o conteúdo em segundo plano, com bônus que se tem ao freqüentar um point bem movimentado.

E aí o dilema se instaura. Afinal, o que a universidade deve oferecer ao seu aluno? Subsídios para gerar conhecimento e habilitá-lo para a profissão por ele escolhida; ou facilidade para a aprovação nas etapas estudantis, além de uma carteirinha que permite aos portadores o pagamento de meia entrada em eventos culturais.

Enquanto em cada esquina abre-se uma nova porta de “ensino superior” a discussão persiste.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Casa nova, vida nova.


"Conforto, tranquilidade e comodidade. Tudo para você desfrutar do que a vida tem de melhor." Fui surpreendido por essa frase em uma segunda-feira pela manhã, o que agravou ainda mais a situação.

Logo imaginei que a frase partia de algum guia espiritual, ou de algum fiel, que queria me tornar mais um adepto de sua fé. Mas, não. E por mais fértil e abrangente que seja minha imaginação ela não pôde perceber o que era.

Mais algumas palavras e constatei, percebi do que se tratava. Então, embasbaquei-me quando notei que era uma propaganda, uma tentativa de vender-me uma casa. A partir daí deixei que as projeções, que ela fazia, a cada nova palavra me levassem. Entre suítes e em jardins de inverno, salas de jogos e saunas que aquela moça - que tinha uma bela voz diga-se de passagem - me oferecia, construí minha vida nos próximos dez anos. Casei, tive filhos e até fiz algumas confraternizações naquele que seria um tal de espaço gurmet da minha futura casa.

Tudo andava as mil maravilhas, até piscina com cascata o fundo de minha casa possuia. E foi nesse momento que aquilo tudo foi por terra. Já muito satisfeito com todos os projetos que ela fizera por mim, me empolguei e permiti que a simpática vendedora me anunciasse o custo total de tanto deleite naquele "paraíso residencial". Assim que ela anunciou o valor que aquela nova vida me exigiria fui aos poucos me despedindo de cada cantinho da minha nova casa, a porta de saída da residência que foi minha por dez minutos se abriu. Eu saí, e imediatamente disse para aquela vendedora que estava atrasado para o trabalho, precisava ir, e afinal, nem conseguia me imaginar com tantos quartos em uma casa. Nem ao menos queria uma sala de video-game mesmo.

domingo, 26 de julho de 2009

Certificação.


Odeio este papel, entretanto, hoje especialmente, ele me cabe muito bem. Me traduz. Hoje sou Vítima.
Atingido diretamente pela saudade. Vítimado pela ausência, pela falta.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Quem é o sebo?


Antes que o atual prefeito da cidade em que moro colocasse fim a toda forma de publicidade visual, que se concentravam principalmente naquelas placas imensas de frente de loja. Um dos meus passatempos favoritos em minhas andanças, era observar essa multidão de placas e de propagandas.

Meu trajeto para a escola era um verdadeiro banquete para admirar tudo isso que chamam de "poluição visual" - e que pra mim nada mais era que: um show de criatividade. Tantas placas, e eu esforçava-me o máximo para que nenhuma me escapasse.

O caminho se iniciava. Concecionária, shopping, livraria, lavanderia, casa de carne, loja de colchões, sebo, papelaria, roupas femininas, quitanda, supermercado, banco, mercearia, sebo de novo! Esse tal de Sebo era o único que tinha duas lojas! O desgraçado tinha que ter duas lojas?!

Imaginei que esse sujeito - o Sebo fosse um homem muito bem sucedido. Afinal as placas dos dois estabelecimentos eram lindas, e nunca havia visto nenhuma de suas franquias vazias. Ambiente bem iluminado, e ainda por cima, eu morria de vontade de entrar e conhecer os produtos que ali eram vendidos, apesar de não saber do que se tratava.

Estava decidido. Qualquer dia adiantaria meu horário e viria mais cedo. Só para saber qual o segredo do sucesso desse senhor. Tinha de haver naquele local algo diferente. Estava embuído na missão de decifrar o mistério, e saber quem ou o que era a galinha dos ovos de ouro desse Sebo. Quem podia ser esse fantástico empreendedor?

Mãos a obra. Era chegada a hora de saber o que havia dentro daquele espaço que possuia placas tão belas para anuncia-lo. Entrei, e tudo que vi foram livros velhos - muitos com as páginas já amareladas, alguns discos de vinil com capas opacas - marcadas pelo tempo, entre outas quiquilharias - confesso, bem conservadas. Seria aquilo uma tentativa de ser uma livraria? Como alguém tiha coragem de comercializar coisas tão gastas, era como colocar à venda as peças de um museu a preço de bananas.

Indignado, não resisti e fui perguntar, com tom autoritário, ao balconista. Que tipo de lugar é esse, que só vende coisas gastas? Como isso pode ser? Depois de rir um pouco o funcionário respondeu-me: "esse é um sebo. É um tipo de loja que vende alguns artigos de segunda mão e pricipalmente livros antigos". Aquela notícia me deu uma espécie de choque. Saber assim, de uma hora para a outra, que Sebo não era um empresário de grande sucesso, que sabia criar placas lindas para suas lojas me surpreendeu. Recebi a notícia e aos poucos fui digerindo-a. Aceitei o que aquele balconista tinha acabado de me revelar e continuei a procurar algo ali que pudesse atrair alguém que não fosse fanático por velharias. Haveria algo interessante ali? A resposta não demorou a vir, bastou abriri o primeiro livro (o que já é tema pra outro texto) para descobrir onde e qual estava o motivo para alguém visitar aquele lugar.

Ali nascia um novo hobby. Por decisão própria me tornei amigo daquele senhor Sebo. Deixei de observar placas, passei a observar as letras de livros que encontrava na loja que entrei por achar a placa bonita.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Reencontro.


Tempos atrás, tive uma agradável surpresa. Um encontro por acaso com uma antiga amiga, que trouxe uma porção de recordações extremamente agradáveis. Depois de conversarmos um pouco, um compromisso foi estabelecido: realizaríamos um novo encontro, com data marcada, e que tinha como objetivo reunir algumas pessoas que fizeram parte da nossa vida na época em que os laços entre nós eram mais estreitos.

A reunião foi oficializada e mais membros daquele antigo grupo de amigos foram convocados. Era um evento típico de período de férias. Alguns garantiram presença outros não.

Os dias foram se passando, e na véspera do acontecimento iniciei uma reflexão sobre aqule fato. "Amanhã irei rever meus amigos de pré-adolescência, aqueles que fizeram parte desta etapa marcante em minha vida e na de qualquer pessoa, com os quais, por motivos que me escapam, não tive contato nos ultimos tempos. Nosso tempo livre juntos infelizmente já não existe, assim como as afinidades, que outrora eram notórias entre nós e hoje talvez sejam opostas.

De qualquer maneira estava bastante curioso para escutar as histórias e, possivelmente, até tomar conhecimento de algumas que me envolvem, e que eu nem ao menos me lembrava.

É intrigante pensar que as impressões que eles guardam de mim podem estar tão distante de corresponder à realidade que certamente me transformam num estranho para todos eles. Afinal, depois de um longo período, poucas são as semelhanças entre este que sou hoje e o menino que eles conheceram."

A breve visita ao passado que fiz naquele momento serviu-me para elucidar tudo o que aconteceria no dia seguinte. Naquele momento percebi que o maior acontecimento que se daria não era o encontro com aquelas pessoas, e por mais saboroso que fosse ver todos aqueles rostos de novo, o grande compromisso que tinha era um reencontro comigo mesmo.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Dança, Circo e Música


Todo tipo de arte tem entre si uma espécie de ligação. Como se uma dependesse e influenciasse a outra. É explicita a interferência tanto direta quanto indireta que o teatro tem no cinema, a arquitetura nas esculturas, a pintura na fotografia e assim por diante. Tudo o que se vê é reproduzido e interpretado. Esse tipo de ligação é comum em diversas áreas mais se torna mais evidente entre as artes.

Os três tipos de arte que aqui serão citados tem estreitas ligações entre si. Falo de: dança, música e circo.

A dança e suas modalidades – clássica, folclórica e popular -, que tem como intenção principal exprimir sentimentos, sensações e assim por diante, através da expressão corporal. O circo e suas demonstrações de habilidade e exibições de capacidade física. A música e toda a sua diversidade – rítmica, harmônica, melódica -, que tem suas partes vocal e instrumental, erudita e popular. São artes que empregam técnicas diferentes entre elas, que tem aspectos próprios que se tornam diferentes em diversas especificidades e objetivos, que só podem ocorrer nelas e em nenhum outro tipo de arte, seja lá qual for. Entretanto, existem pontos em comum e peculiaridades que se relacionam.

A música por ser mais popular acaba tomando mais visibilidade, e proporciona um fenômeno muito interessante, ela torna alguém que não conhece profundamente seus estudos e sua teoria, um entendedor e crítico sobre o assunto. A música ultrapassa o limite de simplesmente arte. Ela traz emoção, sentimentalidades até mesmo a quem diz que não as sente. Creio que essa é a essência da arte, e a música cumpre de forma competente isso, em dias que a arte e a sensibilidade para com ela não são mais tão apreciadas.

Ainda podemos ressaltar entre esses três tipos de arte a possibilidade que existe do trio atuar na mesma apresentação ou espetáculo. O que torna mais interessante a nossa comparação e interligação. Isso faz com que a influência que é normal entre elas transforme-se em complementaridade. Tornando-as, em certas ocasiões, inseparáveis. Poderíamos até citar exemplos, mas, julgo de conhecimento absoluto a cumplicidade e o companheirismo da música para com a dança e a inclusão do mundo circense entre as duas artes anteriormente citadas. A chance de acompanhar em um mesmo picadeiro, palco ou salão as três formas de arte é bem possível em dias de grandes espetáculos, com holofotes e luzes reluzentes espalhadas por grandes capitais e pequenas cidades. Circos com orquestra, cantores com apresentações cada vez mais dançantes e espetáculos de dança com recursos dignos de shows de magia; são o retrato da inteiração e envolvimento que essas artes desfrutam. Eventos carregados da emoção musical, da beleza plastica oferecida pela dança e do fascínio por cada feito que o circo apresenta, são um prato cheio para qual for o publico, independentemente de idade, sexo ou etnia.

Dito isso, convém ainda observar o que neste momento se faz pertinente: A contribuição que a arte tem na organização social. Como esses três tipos de arte podem revindicar direitos, despertar interesse por um certo problema, enfim... Trazer informações importantes socialmente através da arte. Mais do que simplesmente dançar, a expressão corporal desde seus primórdios traz consigo o ideal de resistência, tem um significado social de contestação ao que está imposto pela maioria. O circo faz também isso a seu modo, fazendo da comicidade (que é baseada na ingenuidade do palhaço) grande trunfo para criticar e exprimir opinião de forma sútil. A música sempre fez isso também, trazendo através de seus versos, significações, fazendo da sua harmonia uma fonte poderosa para proferir discursos e idéias, transformando através de suas letras simples canções em 'hinos de libertação' e de clamor social, sejam eles explícitos ou em mensagens ironizadas, que podem ser percebidas entre o ritmo que em ocasiões pode ser pano de fundo para a evidente preocupação com problemas sociais pavorosos.

Os tipos de arte aqui citados não existem somente para serem observadas e vistas como algo que tem apenas plasticidade ou façam bem aos ouvidos. A arte em si, e mais especificamente os três tipos que são motivo do presente texto, nos convidam a vive-las, se-las, fazer parte do que elas nos trazem. Tornar-se para elas o que elas são pra nós. Fazermos por ela o que elas podem fazer por nós.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ícone, referência, influenciador...


...são poucas, talvez pobres, mas verdadeiras definições para alguém que das mais diversas formas transformou a maneira de se conceber a arte da música. Com um jeito de cantar inconfundivel e dança inovadora esse "humano" transcendeu o ambito musical, transformou-se em mito. Foi definitivamente um Gênio!

A fronteira que qualquer ídolo Pop habita foi rompida por Michael Jackson. O "Rei do Pop" - como era chamado, foi além do fazer música, ele a transformou. Voz privilegiada, tecnica de dança apurada, carisma impar e o resultado disso foi: sucesso absoluto. 750 milhões de discos vendidos e poucos são aqueles que dele não tenham ouvido falar.

Em suas mãos as luvas que para qualquer outro eram somente objetos tornaram-se marca registrada, um simples chápeu que vez ou outra era atirado em meio a multidão tinha valor maior do que simplesmente cobrir a cabeça.

Exemplo de que a arte é sim, maior que qualquer escandalo.

Para Michael Jackson uma palavra muito dificil de se empregar cabe. Ele se fez Imortal. Coisas da música, que certamente tem esse poder.

sábado, 20 de junho de 2009

A Mesa



E não gostavas de festa...
Ó velho, que festa grande
hoje te faria a gente.
E teus filhos que não bebem
e o que gosta de beber,
em torno da mesa larga,
largavam as tristes dietas,
esqueciam seus fricotes,
e tudo era farra honesta
acabando em confidência.
Ai, velho, ouvirias coisas
de arrepiar teus noventa.
E daí, não te assustávamos,
porque, com riso na boca,
e a nédia galinha, o vinho
português de boa pinta,
e mais o que alguém faria
de mil coisas naturais
e fartamente poria
em mil terrinas da China,
já logo te insinuávamos
que era tudo brincadeira.
Pois sim. Teu olho cansado,
mas afeito a ler no campo
uma lonjura de léguas,
e na lonjura umas rês
perdida no azul azul,
entrava-nos alma adentro
e via essa lama podre
e com pesar nos fitava
e com ira amaldiçoava
e com doçura perdoava
(perdoar é rito de pais,
quando não seja de amantes).
E, pois, todo nos perdoando,
por dentro te regalavas
de ter filhos assim... Puxa,
grandessíssimos safados,
me saíram bem melhor
que as encomendas. De resto,
filho de peixe... Calavas,
com agudo sobrecenho
interrogava em ti
uma lembrança saudosa
e não de todo remota
e rindo por dentro e vendo
que lançaras uma ponte
dos passos loucos do avô
à incontinência dos netos,
sabendo que toda carne
aspira à degradação,
mas numa via de fogo
e sob um arco sexual,
tossias. Hem, hem, meninos,
não sejam bobos. Meninos?
Uns marmanjos cinquentões,
calvos, vividos, usados,
mas resguardando no peito
essa alvura de garoto,
essa fuga para o mato,
essa gula defendida
e o desejo muito simples
de pedir à mãe que cosa,
mais do que nossa camisa,
nossa alma frouxa, rasgada...
Ai, grande jantar mineiro
que seria esse... Comíamos,
e comer abria fome,
e comida era pretexto.
E nem mesmo precisávamos
ter apetite, que as coisas
deixavam-se espostejar,
e amanhã é que eram elas.
Nunca desdenhe o tutu.
Vá lá mais um torresminho.
E quanto ao peru? Farofa
há de ser acompanhada
de uma boa cachacinha,
não desfazendo em cerveja,
essa grande camarada.
Ind'outro dia... Comer
guarda tamanha importância
que só o prato revele
o melhor, o mais humano
dos seres em sua treva?
Beber é pois tão sagrado
que só bebido meu mano,
me desata seu queixume,
abrindo-me sua palma?
Sorver, papar: que comida
mais cheirosa, mais profunda
no seu tronco luso-árabe,
e que bebida mais santa
que a todos nos une em um
tal centímano glutão,
parlapatão e bonzão!
E nem falta a irmã que foi
mais cedo que os outros e era
rosa de nome e nascera
em dia tal como o de hije
para enfeitar tua data.
Seu nome sabe a camélia,
e sendo uma rosa-amélia,
flor muito mais delicada
que qualquer das rosas-rosa,
viveu bem mais do que o nome,
porém no íntimo claustrava
a rosa esparsa. A teu lado,
vê: recobrou-se-lhe o viço.
Aqui sentou-se o mais velho.
Tipo do manso, do sonso,
não servia para padre,
amava casos bandalhos;
depois o tempo fez dele
o que faz de qualquer um;
e à medida que envelhece,
vai estranhamente sendo
retrato teu sem ser tu,
de sorte que se o diviso
de repente, sem anúncio,
és tu que me reapareces
noutro velho de sessenta.
Este outro aqui é doutor,
o bacharel da família,
mas suas letras mais doutas
são as escritas no sangue,
ou sobre a casca das árvores.
Sabe o nome da florzinha
e não esquece o da fruta
mais rara que se prepara
num casamento genético.
Mora nele a nostalgia,
citadino, do ar agreste,
e, camponês, do letrado.
Então vira patriarca.
Mais adianta vês aquele
que de ti herdou a dura
vontade, o duro estoicismo.
Mas, não quis te repetir.
Achou não valer a pena
reproduzir sobre a terra
o que a terrá engolirá.
Amou. E ama. E amará.
Só não quer que seu amor
seja uma prisão de dois,
um contrato, entre bocejos
e quatro pés de chinelo.
Feroz a um breve contato,
à segunda vista, seco,
à terceira vista, lhano,
dir-se-ia que ele tem medo
de ser, fatalmente, humano.
Dir-se-ia que ele tem raiva,
mas que mel transcende a raiva,
e que sábios, ardilosos
recursos de se enganar
quanto a si mesmo: exercita
uma força que não sabe
chamar-se, apenas, bondade.
Esta calou-se. Não quis
manter com palavras novas
o colóquio subterrâneo
que num sussurro percorre
a gente mais desatada.
Calou-se, não te aborreças.
Se tanto assim a querias,
algo nela ainda te quer,
à maneira atravessada
que é própria de nosso jeito.
(Não ser feliz tudo explica.)
Bem sei como são penosos
esses lances de família,
e discutir neste instante
seria matar a festa,
matando-te - não se morre
uma só vez, nem de vez.
Restam sempre muitas vidas
para serem consumidas
na razão dos desencontros
de nosso sangue nos corpos
por onde vai dividido.
Ficam sempre muitas mortes
para serem longamente
reencarnadas noutro morto.
Mas estamos todos vidos.
E mais que vivos, alegres.
Estamos todos como éramos
antes de ser, e ninguém
dirá que ficou faltando
algum dos teus. Por exemplo:
ali ao canto da mesa,
não por humilde, talvez
por ser o rei dos vaidosos
e se pelar por incômodas
posições do tipo gauche,
ali me vês tu. Que tal?
Fica tranquilo: trabalho.
Afinal, a boa vida
ficou apenas: a vida
(e nem era assim tão boa
e nem se fez muito má).
Pois ele sou eu. Repara:
tenho todos os defeitos
que não farejei em ti,
e nem os tenho que tinhas,
quanto mais as qualidades.
Não importa: sou teu filho
com ser uma negativa
maneira de te afirmar.
Lá que brigamos, brigamos
opa! que não foi brinquedo,
mas os caminhos do amor,
só amor sabe trilhá-los.
Tão ralo prazer te dei,
nenhum, talvez... ou senão,
esperança de prazerm
é, pode ser que te desse
a neutra satisfação
de alguém sentir que seu filho,
de tão inútil, seria
sequer um sujeito ruim.
Descansa, se o suspeitavas,
mas não sou lá essas coisas.
Alguns afetos recortam
o meu coração chateado.
Se me chateio? demais.
Esse é meu mal. Não herdei
de ti essa balda. Bem,
não me olhes tão longo tempo,
que há muitos a ver ainda.
Há oito. E todos minúsculos,
todos frustados. Que flora
mais triste fomos achar
para ornamento de mesa!
Qual nada. De tão remotos,
de tão puros e esquecidos
no chão que suga e transforma,
são anjos. Que luminosos!
que raios de amor radiam,
e em meio a vagos cristais,
o cristal deles retine,
reverbera a própria sombra.
São anjos que se dignaram
participar do banquete,
alisar o tamborete,
viver vida de menino.
São anjos: e mal sabias
que um mortal devolve a Deus
algo de sua divina
substância aérea e sensível,
se tem um filho e se o perde.
Contra: quatorze na mesa.
Ou trinta: serão cinquenta,
que sei? se chegam mais outros,
uma carne cada dia
multiplicada, cruzada
a outras carnes de amor.
São cinquenta pecadores,
se pecado é ter nascido
e provar, entre pecados,
os que nos foram legados.
A procissão de teus netos,
alongando-se em bisneto,
veio pedir tua bênção
e comer de teu jantar.
Repara um pouquinho nesta,
no queixo, no olhar, no gesto,
e na consciência profunda
e na graça menineira,
e dize, depois de tudo,
se não é, entre meus erros,
uma imprevista verdade.
Esta é minha explicação,
meu verso melhor ou único,
meu tudo enchendo meu nada.
Agora a mesa repleta
está maior do que a casa.
Falamos de boca cheia,
xingamo-nos mutuamente,
rimos, ai, de arrebentar.
esquecemos o respeito
terrível, inibidor,
e toda a alegria nossa,
ressecada em tantos negros
bródios comemorativos
(não convém lembrar agora),
os gestos acumulados
de efusão fraterna, atados
(não convém lembrar agora),
os gestos acumulados
de efusão fraterna, atados
(não convém lembrar agora),
as fina-e-meigas palavras
que ditas naquele tempo
teriam mudado a vida
(não convém mudar agora),
vem tudo à mesa e se espalha
qual inédita vitualha.
Oh que ceia mais celeste
e que gozo mais do chão!
Quem preparou? que inconteste
vocação de sacrifício
pôs a mesa, teve os filhos?
quem se apagou? quem pagou
a pena deste trabalho?
quem foi a mão invisível
que traçou este arabesco
de flor em torno ao pudim,
como se traça uma auréola?
quem tem auréola? quem não
a tem, pois que, sendo de ouro,
cuida logo em reparti-la,
e se pensa melhor faz?
quem senta do lado esquerdo,
assim curvada? que branca,
mas que branca mais que branca
tarja de cabelos brancos
retira a cor das laranjas,
anula o pó do café,
cassa o brilho aos serafins?
quem é toda luz e é branca?
Decerto não pressentias
como o branco pode ser
uma tinta mais diversa
da mesma brancura... Alvura
elaborada na ausência
de ti, mas ficou perfeita,
concreta, fria, lunar.
Como pode nossa festa
ser de um só que não de dois?
Os dois ora estais reunidos
numa aliança bem maior
que o simples elo da terra.
Estais juntos nesta mesa
de madeira mais de lei
que qualquer lei da república.
Estais acima de nós,
acima deste jantar
para o qual vos convocamos
por muito - enfim - vos querermos
e, amando, nos iludirmos
junto da mesa
vazia.
***

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 26 de maio de 2009

Conselho


Capriche na maquiagem!
A aparência é fundamental e indispensável. Por isso, escolha a melhor máscara. Torne o visual o ponto forte em você.


Já que o interior perdeu seu valor, já que o conteúdo é desinteressante e a verdadeira realidade daquilo que se enxerga é descartável.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Paciência


Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para


Será que é tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara



(Lenine)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Não tenho mais medo que me machuquem.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Pressa, pra quê?


E mais um dia acabou. Mais uma semana se finda. Dentro de poucos dias vai-se mais um mês. Mais um ano, e outro e outro...

Assim vamos nós. A cada dia mais velozes. E o que se há de fazer? Já que o cotidiano, os compromissos, os afazeres e tantas outras coisas exigem-nos isso.

E quando me vi assim: vivendo tanta agilidade, resolvi da minha forma desacelerar. Pisei no freio! Desci disso que me levava a 200 quilômetros por hora à um destino desconhecido. Raciocinei. Onde quero chegar com tanta pressa?

Percebi que com tanta rapidez deixava de viver. Renunciava a possibilidade de deliciarme com cada momento, não saboreava mais as poucas coisas boas que ainda me restam. Quando descobri que com tanto atropelo, que é fruto da tal pressa, me lancei longe desse desespero contínuo e atormentador.

A partir de então decidi como quero e como posso ser. Quero mais é viver! Viver sem claustrofobias que não levam a nada, sem pressões inúteis. Agora levo-me devagar, e pra onde eu achar mais interessante. Assim, as coisas que mais dou valor não me faltam, e perduram.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Momento Feliz


Experimente ficar parado algum tempo em frente a uma rede de fast food, observando as pessoas. É, pessoas, que entram e saem de um restaurante desses, de praça de alimentação de shopping - que, aliás, só aumentam a cada dia. Você verá que a diversidade dos que freqüentam e devoram satisfeitos aqueles sanduíches é imensa.

O que se come é rigorosamente igual. E tudo que há nesses lugares é muito parecido. A forma de atendimento, as opções do cardápio - que volta e meia recebem um "lançamento" super divulgado, mas que na verdade nada mais são do que o mesmo pão com um molho que talvez tenha menos sal ou um toque a mais de pimenta. A clientela é o que confere um tom diferente ao local, pois é multifacetada e totalmente eclética, sem qualquer tipo de discriminação, até os vegetarianos aderiram, agora eles são reconhecidos e tidos como público que deve ser atendido. Os preços são iguais para quaquer um. Qualquer um mesmo. E isso já é mais do que suficiente para receber público bem diversificado.

Nesse ponto percebe-se que durante os 15 ou 20 minutos em que o alimento é consumido, um clima de comunhão total entre os freqüentadores do point se estabelece. Num passe de mágica, os portadores de bandeijinhas coloridas, que se fascinam com cada novidade vista em um "jornalzinho" de curiosidades que fica sob o alimento, e que se assentam em cedeirinhas acolchoadas, ficam subitamente calmos. Não se vê nenhuma disputa ou coisa parecida. A pressa ainda se vê afinal, isso já seria exigir muito de um pão com gergilim.

Uma expressão alegre aparece na feição daqueles que comem sozinhhos. Os acompanhados, que na maioria das vezes encaram a refeição (que se torna um evento) como programa e dos mais aguardados, se desmancham em diferentes sorrisos entre uma batata frita e outra. As criançase seus famosos brindes que a rede oferece se tornam público sempre garantido, sendo as grandes responsáveis pela transformação do ambiente em uma espécie de "sala de jantar", onde a família retoma os costumes de um passado não tão distante e faz a refeição unida. Quem trabalha no local, mesmo submetido a carga horária absurdamente carregada e sacrificante, é só alegira. Brincadeiras e bom-humor tomam o ambiente.

Acabaram-se as 'fritas', o copo de refrigerante secou e o sanduíche já foi devorado. Antes de sair, o sorvete é o último passo do ritual que se encerra, e, assim, a rara descontração de uma fast life termina.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Tenho que ser feliz?


A felicidade é real quando não há preocupação nenhuma em obtê-la. Ou seja, temos verdadeira felicidade quando abrimos mão dessa busca utópica e sem direção. Aceitando que podemos viver perfeitamente sem ser feliz e não há nada de errado nisso.

A sensação de viver, viver mesmo, tem que ser usufruída ao máximo e de acordo com nossas vontades e desejos naturais. E, talvez, isso fosse motivo suficiente para possuir uma felicidade constante e verdadeira.

Rejeitar essa idéia de felicidade que já se tornou platônica e torna-la real, quem sabe constante. Esse é o inicio para desconstruirmos essa fantasia equivocada de felicidade. E alcançarmos felicidade real. Quebrar conceitos impostos, pensar novo, agir simples; não tenho pretenção em ser conselheiro ou dar dicas para a vida alheia, só penso às vezes.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

;

Lembraças.
Recordações são tão sabrorosas. E não importa o momento, me fazem tanto bem.

terça-feira, 31 de março de 2009

Queria.

Queria escrever.
Queria tocar, atráves de cada palavra.
Queria ser bom com as frases a ponto de transformar momentos ruins.
Queria saber exatamente o que dizer em cada momento, meu e de outros.

Mas, não! Minhas palavras são vazias. Minhas frases tortas. Minhas letras sem sentido.

Meus sentimentos sim, esses são verdadeiros. Mas não consigo expressa-los com justiça.

quarta-feira, 18 de março de 2009

"O que seria de nós se tivéssemos a vida e não as idéias?"
(...)

Sábias palavras de ...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Cansei de ser comedido em meus atos.
E decidi viver cada pedaço de vida com intensidade.
Esse é meu objetivo, meu anseio mais fervoroso, e ainda que seja inconsequente é dos desejos que possuo o mais profundo.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009


Todos tem milhares de ocupações, deveres cotidianos que nos tomam muito tempo - as vezes todo o tempo -. Poucos são aqueles que desfrutam de um espaço de tempo maior para cuidar de seus próprios interesses, pensar em seus próprios problemas, refletir sobre seus assuntos mal resolvidos. Já fui exceção a essa regra,hoje não sou mais.

Prova concreta disso é a falta de frequencia que tenho com meu próprio, e abandonado, Blog. Demoro a escrever algo nele, pois nunca gostei de escrever coisas que outrém podesse ler que não ficasse comigo tempo suficiente pra eu mudar no mínimo umas quinze vezes. Entretanto, existem coisas que não esperam. Comigo algumas palavras tem que ser registradas em algum lugar antes que se percam. Foi exatamente o que ocorreu nesta noite de sexta para sábado. Senti uma necessidade absurda de ir além das palavras que sempre digo, resovi marcar com letras em algum lugar as palavras que tantas outras vezes proferi em tua presença.

Sempre achei uma balela essa história de se desejar "Toda a felicidade do mundo", e dizer a quem você ama que é melhor viver um longe do outro, história da carochinha mesmo. Afinal, se eu gosto tanto quero estar perto certo? Por muito tempo fui contra essa conversa de distância para aqueles que se gostam. E só pra deixar claro, ainda sou.

Mas, descobri em uma situação por mim vivenciada, que o que eu achava conversa furada pode realmente existir. Hoje compreendi, e aceitei por inteiro viver sem sua presença, que era constante, e agora passa a ser esporádica. Notei que meu sentimento, que tinha ciúme, e eu confesso, já se tornara egoísta, prefiro você longe e plena, satisfeita. Sabendo que tudo o que havia de fazer por mim, fez muito bem. E que Sempre será Bem vinda e bem acolhida.

Tudo aquilo que sempre senti e sinto por esse tão venerado objeto de amor já foi dito, portanto não cabe aqui repetir. O que é pertinente falar, é que ainda não desejei tanto bem estar como te desejo. Nunca quis que outro fosse tão feliz como quero que você seja. Jamais senti admiração maior do que a que sinto por ti.

Não quero que isso acabe como um texto açucarado, pois me falta talento pra tal coisa. Portanto, vou encerrando por aqui. E fique ciente que não pensei que você foi por não me amar - Disso Jamais duvidei!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

"A saudade é um filme sem cor Que meu coração Quer ver colorido"

(Zeca Baleiro)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

As vezes gostaria que minha cabeça fosse um computador - assim como este que fica aqui em casa -. Assim eu poderia escrever o que acabei de pensar. Escrever a impressão que tive naquele exato momento, antes que ela fuja, antes que eu não possa mais recupera-la.

Sei que não sou o único que sofre com esse grande problema. As idéias aparecem, e fogem com uma velocidade espantosa. E ultimamente tenho tentado articular uma forma de guardar essas idéias pra mim, sem que elas fujam. Afinal, quando as tão aguardadas idéias aparecem, surgem com as palavras exatas. E eu as perco, isso definitivamente não é justo.

Quando alguém tiver alguma idéia de como eu posso guardar todos esses pensamentos, me avisem...

Ah, eu tenho um bloquinho sim. Mas, sempre o esqueço. E não dá pra carrega-lo comigo todo o tempo né.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O livro dela


O vento agitava as folhas das árvores. Ela foi ao parque, pois não tinha inspiração para fazer outra coisa, qualquer que fosse. Na sombra, longe do sol que brilha, ela vê um banco. Senta-se, tira um livro da bolsa e começa a ler.

O tempo passa, mas ela não tem pressa. Apenas segue lendo, sem ao menos levantar os olhos. Ela não vê, por exemplo, os cachorrinhos que passeiam com seus donos, ou as crianças que correm felizes e se divertem com a chuva de folhas secas. Ela não vê os casais apaixonados que trocam carícias, ou os senhores que jogam xadrez. Não acompanha as babás e os bebês. Não percebe quem é que joga papéis no chão e não vê o gari que limpa tudo. Ela não se importa com nada disso. O livro a prende mais do que deveria.

Era um domingo muito bonito. O pouco barulho lhe agradava. Gostava de ficar sozinha, desfrutando a própria companhia. Não precisava de mais. Queria apenas ler, acalmar o coração. Seu rosto guardava uma expressão séria, um não sei quê de tristeza. Mesmo assim, ela parecia confortável, de um jeito peculiar, mas confortável. Fosse o livro, quem sabe, que lhe proporcionava tal sensação.

(...)

Seu livro talvez narre uma viagem, para um lugar desconhecido e muito belo. Talvez conte a história de pessoas felizes, de amigos num acampamento, de filhos que amam os pais. Talvez tenha frases que a animem, coisas de religião, ou apenas poesia. Pode ser também que leia quadrinhos, em que cores e balões saltam aos olhos numa grande aventura. Talvez seja um livro que ensine a cozinhar ou a ganhar dinheiro. Talvez fale de cinema, ou artes, ou moda. Talvez seja Marx, Nietzsche ou Freud. Talvez conte uma história de amor. Só isso. Ou então, seja um suspense, daqueles com mortes e suspeitos insuspeitos. Talvez fale sobre as leis, trate de economia ou medicina. Pode ser de astrologia, música ou gravuras. Talvez Drummond, Pessoa ou Neruda. Cartas, memórias ou biografia. Talvez discuta a morte. Ou fale da vida, apenas.

A única certeza é a de que o livro é bom. Senão, não a prenderia tanto; a deixaria ver o sol e o balanço das árvores, ouvir o canto dos pássaros e o som das águas, sentir o vento no rosto e a sensação agradável de se viver mais um dia. Mas não. Seu livro faz tudo isso se tornar desinteressante.

Horas depois, sente-se fitada. Isso a incomoda. Prefere quando passa despercebida aos olhos dos outros. Sua frio. Perde a concentração. No momento exato, olha.


por Filip Calixto, Lucas Santos e Marcela Alves

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Não aceito rótulos, limitações ou fronteiras para ser o que e quem sou.